Usando promises
Uma Promise
é um objeto que representa a eventual conclusão ou falha de uma operação assíncrona. Como a maioria das pessoas consomem promises já criadas, este guia explicará o consumo de promises devolvidas antes de explicar como criá-las.
Essencialmente, uma promise é um objeto retornado para o qual você adiciona callbacks, em vez de passar callbacks para uma função.
Por exemplo, em vez de uma função old-style que espera dois callbacks, e chama um deles em uma eventual conclusão ou falha:
function successCallback(result) {
console.log("It succeeded with " + result);
}
function failureCallback(error) {
console.log("It failed with " + error);
}
doSomething(successCallback, failureCallback);
…funções modernas retornam uma promise e então você pode adicionar seus callbacks:
const promise = doSomething();
promise.then(successCallback, failureCallback);
…ou simplesmente:
doSomething().then(successCallback, failureCallback);
Nós chamamos isso de chamada de função assíncrona. Essa convenção tem várias vantagens. Vamos explorar cada uma delas.
Garantias
Ao contrário dos callbacks com retornos de funções old-style, uma promise vem com algumas garantias:
- Callbacks nunca serão chamados antes da conclusão da execução atual do loop de eventos do JavaScript.
- Callbacks adicionadas com .then mesmo depois do sucesso ou falha da operação assíncrona, serão chamadas, como acima.
- Multiplos callbacks podem ser adicionados chamando-se .then várias vezes, para serem executados independentemente da ordem de inserção.
Mas o benefício mais imediato das promises é o encadeamento.
Encadeamento
Uma necessidade comum é executar duas ou mais operações assíncronas consecutivas, onde cada operação subsequente começa quando a operação anterior é bem sucedida, com o resultado do passo anterior. Nós conseguimos isso criando uma cadeia de promises.
Aqui está a mágica: a função then
retorna uma nova promise, diferente da original:
const promise = doSomething();
const promise2 = promise.then(successCallback, failureCallback);
ou
const promise2 = doSomething().then(successCallback, failureCallback);
Essa segunda promise representa a conclusão não apenas de doSomething()
, mas também do successCallback
ou failureCallback
que você passou, que podem ser outras funções assíncronas que retornam uma promise. Quando esse for o caso, quaisquer callbacks adicionados a promise2
serão enfileiradas atrás da promise retornada por successCallback
ou failureCallback
.
Basicamente, cada promise representa a completude de outro passo assíncrono na cadeia.
Antigamente, realizar operações assíncronas comuns em uma linha levaria à clássica pirâmide da desgraça:
doSomething(function (result) {
doSomethingElse(
result,
function (newResult) {
doThirdThing(
newResult,
function (finalResult) {
console.log("Got the final result: " + finalResult);
},
failureCallback,
);
},
failureCallback,
);
}, failureCallback);
Ao invés disso, com funções modernas, nós atribuímos nossas callbacks às promises retornadas, formando uma cadeia de promise:
doSomething()
.then(function (result) {
return doSomethingElse(result);
})
.then(function (newResult) {
return doThirdThing(newResult);
})
.then(function (finalResult) {
console.log("Got the final result: " + finalResult);
})
.catch(failureCallback);
Os argumentos para then
são opcionais, e catch(failureCallback)
é uma abreviação para then(null, failureCallback)
. Você pode também pode ver isso escrito com arrow functions:
doSomething()
.then((result) => doSomethingElse(result))
.then((newResult) => doThirdThing(newResult))
.then((finalResult) => {
console.log(`Got the final result: ${finalResult}`);
})
.catch(failureCallback);
Importante: Sempre retorne um resultado, de outra forma as callbacks não vão capturar o resultado da promise anterior.
Encadeando depois de um catch
É possivel encadear depois de uma falha, i.e um catch
. Isso é muito útil para realizar novas ações mesmo depois de uma falha no encadeamento. Leia o seguinte exemplo:
new Promise((resolve, reject) => {
console.log("Initial");
resolve();
})
.then(() => {
throw new Error("Something failed");
console.log("Do this");
})
.catch(() => {
console.log("Do that");
})
.then(() => {
console.log("Do this whatever happened before");
});
Isso vai produzir o seguinte texto:
Initial Do that Do this whatever happened before
Observe que o texto "Do this" não foi impresso por conta que o erro "Something failed" causou uma rejeição.
Propagação de erros
Na pirâmide da desgraça vista anteriormente, você pode se lembrar de ter visto failureCallback
três vezes, em comparação a uma única vez no fim da corrente de promises:
doSomething()
.then((result) => doSomethingElse(result))
.then((newResult) => doThirdThing(newResult))
.then((finalResult) => console.log(`Got the final result: ${finalResult}`))
.catch(failureCallback);
Basicamente, uma corrente de promises para se houver uma exceção, procurando por catch handlers no lugar. Essa modelagem de código segue bastante a maneira de como o código síncrono funciona:
try {
const result = syncDoSomething();
const newResult = syncDoSomethingElse(result);
const finalResult = syncDoThirdThing(newResult);
console.log(`Got the final result: ${finalResult}`);
} catch (error) {
failureCallback(error);
}
Essa simetria com código assíncrono resulta no syntactic sugar async
/await
presente no ECMAScript 2017:
async function foo() {
try {
const result = await doSomething();
const newResult = await doSomethingElse(result);
const finalResult = await doThirdThing(newResult);
console.log(`Got the final result: ${finalResult}`);
} catch (error) {
failureCallback(error);
}
}
É construído sobre promises, por exemplo, doSomething()
é a mesma função que antes. Leia mais sobre a sintaxe aqui.
Por pegar todos os erros, até mesmo exceções jogadas(thrown exceptions) e erros de programação, as promises acabam por solucionar uma falha fundamental presente na pirâmide da desgraça dos callbacks. Essa característica é essencial para a composição funcional das operações assíncronas.
Criando uma Promise em torno de uma callback API antiga
Uma Promise
pode ser criada do zero utilizando o seu construtor. Isto deve ser necessário apenas para o envolvimento de APIs antigas.
Em um mundo ideal, todas as funções assíncronas já retornariam promises. Infelizmente, algumas APIs ainda esperam que os retornos de sucesso e/ou falha sejam passados da maneira antiga. O exemplo por excelência é o setTimeout()
function:
setTimeout(() => saySomething("10 seconds passed"), 10000);
Misturar chamadas de retorno e promises de old-style é problemático. Se saySomething
falhar ou contiver um erro de programação, nada o captura.
Por sorte nós podemos envolvê-la em uma promise. É uma boa prática envolver funções problemáticas no menor nivel possível, e nunca chamá-las diretamente de novo:
const wait = (ms) => new Promise((resolve) => setTimeout(resolve, ms));
wait(10000)
.then(() => saySomething("10 seconds"))
.catch(failureCallback);
Basicamente, um construtor de promises pega uma função executora que nos deixa resolver ou rejeitar uma promise manualmente. Desde que setTimeout
não falhe, nós deixamos a rejeição de fora neste caso.
Composição
Promise.resolve()
e Promise.reject()
são atalhos para se criar manualmente uma promise que já foi resolvida ou rejeitada, respectivamente. Isso pode ser útil em algumas situações.
Promise.all()
e Promise.race()
são duas ferramentas de composição para se executar operações assíncronas em paralelo.
Uma composição sequencial é possível usando JavaScript de uma forma esperta:
[func1, func2].reduce((p, f) => p.then(f), Promise.resolve());
Basicamente reduzimos um vetor de funções assíncronas a uma cadeia de promises equivalentes a: Promise.resolve().then(func1).then(func2);
Isso também pode ser feito com uma função de composição reutilizável, que é comum em programação funcional:
const applyAsync = (acc, val) => acc.then(val);
const composeAsync =
(...funcs) =>
(x) =>
funcs.reduce(applyAsync, Promise.resolve(x));
A função composeAsync aceitará qualquer número de funções como argumentos e retornará uma nova função que aceita um valor inicial a ser passado pelo pipeline de composição. Isso é benéfico porque alguma, ou todas as funções, podem ser assíncronas ou síncronas, e é garantido de que serão executadas na ordem correta.
const transformData = composeAsync(func1, asyncFunc1, asyncFunc2, func2);
transformData(data);
No ECMAScript 2017, uma composição sequencial pode ser feita de forma mais simples com async/await:
for (const f of [func1, func2]) {
await f();
}
Cronometragem
Para evitar surpresas, funções passadas para then
nunca serão chamadas sincronamente, mesmo com uma função já resolvida:
Promise.resolve().then(() => console.log(2));
console.log(1); // 1, 2
Ao invés de rodar imediatamente, a função passada é colocada em uma micro tarefa, o que significa que ela roda depois que a fila estiver vazia no final do atual processo de evento de loop do Javascript, ou seja: muito em breve:
const wait = (ms) => new Promise((resolve) => setTimeout(resolve, ms));
wait().then(() => console.log(4));
Promise.resolve()
.then(() => console.log(2))
.then(() => console.log(3));
console.log(1); // 1, 2, 3, 4